Você provavelmente já ouviu falar nessa palavra em algum momento da sua vida. Seja porque conhece aquele amigo ou parente que decidiu empreender e só fala desse assunto, ou até mesmo por trabalhar em uma empresa que se apelidou carinhosamente de “Startup” para alavancar o marketing e atrair investidores. Mas você sabe o que é, de fato, uma empresa startup?
Definições de Startups
Quando pensamos no “fenômeno Startup”, temos muitas ideias pré-concebidas do que elas representam. No mundo dos negócios elas são quase como um mito, seguindo um roteiro fixo no imaginário popular: um visionário, sozinho ou com seus parceiros, trabalhando em um produto na garagem de seus pais, no contraturno da faculdade. Com grande garra e dedicação, aquele pequeno projeto se transformaria em uma empresa revolucionária que mudaria o status quo do mundo da tecnologia, quebrando barreiras e, heroicamente, conquistaria o lugar dos gigantes corporativistas.
Esse é o sonho construído ao redor desse fenômeno, e também é o tema central que inspirou diversas obras de ficção, baseadas ou não em fatos reais. Sabemos que esse foi, de fato, o caso de vários empreendimentos que hoje são apontados como grandes referências de mercado, porém, algumas mudanças de paradigma importantes que aconteceram no cenário do empreendedorismo moderno também afetaram a forma como as empresas desenvolvem um produto, iniciam e evoluem.
Por esse motivo, ao longo da última década o conceito do que é ou não uma Startup passou a ser um pouco mais abrangente, e em alguns casos até mesmo controverso, no conhecimento popular.
Falando sobre o conceito real, de acordo com este artigo da Investopedia, uma das principais características desse perfil de empresa é o desenvolvimento de um único produto, com o objetivo-chave de suprir as necessidades dos consumidores de forma inovadora. O consenso teórico a respeito do termo “startup” parece ser este: empresas em fase de desenvolvimento, preparando uma solução disruptiva para o mercado.
Empreender através do desenvolvimento de um produto, entretanto, é uma atividade que envolve riscos financeiros altíssimos, e nem toda startup consegue de fato sair da fase de ideação e passar a fazer parte do mercado de forma competitiva; ou, quando consegue, permanecer nele. Por esse motivo, esse é um modelo de negócios que costuma depender de um alto volume de financiamentos e investimentos para auxiliar na viabilidade e escalabilidade.
Financiamento de Startups
No início de uma Startup, ela costuma ser de pequeno porte, com um quadro de colaboradores enxuto (consistindo principalmente de um ou mais fundadores e os seus sócios), e é financiada pelo capital societário, em alguns casos por seus familiares e amigos, plataformas de crowdfunding ou por fundos de investimento, até que a receita dos produtos viabilize a operação inicial, desde o desenvolvimento do produto até o momento em que ele chega ao mercado.
Outras opções de financiamentos de terceiros podem ser:
- Empresas de capital de risco;
- Empréstimos bancários;
- Fundos de investimento de risco, para fomento e aceleração de empreendimentos,
- Financiadores-anjo: entidades ou indivíduos que possuem algum valor em dinheiro disponível para investir no desenvolvimento e viabilidade de startups.
Essas opções não se tratam somente de injetar dinheiro em um negócio promissor e esperar que os frutos apareçam sozinhos. No caso de firmas de Venture Capital, os investidores passam a fazer parte das empresas como sócios, estando envolvidos diretamente em formas de facilitar a aceleração da empresa, atuando como mentores, consultores empresariais, além de indicarem soluções de gestão operacional, administrativa e financeira para garantir o sucesso do negócio, e consequentemente, a maximização dos lucros investidos.
O processo de aceleração, além de a empresa simplesmente receber um ou mais aportes de investimentos, gera valor por toda a cadeia operacional, eventualmente interferindo positivamente no processo de competição no mercado, aumentando seu valor de, conquistando autonomia e respaldo institucional, organizacional e financeiro, para eventualmente deixar o status de startup.
Quando uma startup deixa de ser startup?
Um erro conceitual muito comum, e que você provavelmente já se deparou nas suas redes sociais e networking, é quando uma empresa que iniciou como uma startup continua a se intitular como uma, ou ter a percepção do mercado de ainda se enquadrar nesse perfil. De fato, muitas empresas possuem em sua estratégia de marketing utilizar essa nomenclatura para atração de talentos engajados e qualificados, parcerias estratégicas e investidores.
Mesmo que chamar um negócio de “startup” pareça interessante para alguns modelos de negócios, é preciso entender quando uma empresa deixa de ser uma e faz a transição para outra forma de atuação e captação financeira.
A Startup é o ponto de partida de um negócio. Figurativamente, é quando a ideia é plantada e começa a desenvolver seus primeiros ramos. É um período de altíssima vulnerabilidade para os negócios, e muitas fracassam nesse período.
Em teoria, a partir do momento em que a empresa começa a ter uma renda suficiente para sua subsistência e operação, ela deixa de ser uma startup, mesmo que na prática ela ainda conte com o apoio de venture capital e mantenha este nome em sua estratégia de comunicação e aquisição de talentos.
O que são esses unicórnios que tanto falam?
No mundo das startups, os unicórnios são as empresas que antes mesmo de abrirem o seu capital nas bolsas de valores, apresentam um valor de mercado acima de 1 bilhão de dólares. Assim como o ser mítico, esse perfil de empreendimento é bastante raro, uma vez que além das adversidades enfrentadas na viabilização de um negócio, mais difícil ainda é a valorização de mercado ser tão superior.
Para saber mais, leia nosso artigo que trata desse tema, clicando aqui.
A cultura das Startups
Na cultura empreendedora moderna, as Startups possuem elementos culturais em sua organização que são bastante inovadores em termos de disrupção e superação de desafios. Os cases de sucesso e de fracasso são analisados de perto, tanto por companhias já estabelecidas no mercado, para entenderem as melhorias em curso, quanto por iniciantes, para entenderem quais erros não cometer, e quais as melhores práticas. As empresas que conseguem superar as adversidades se tornam épicas aos olhos de quem está iniciando, e as que não, são excelentes exemplos de como melhorar a cultura de inovação num nível organizacional como um todo.
A fama desse modelo de negócios está ligada principalmente a um elemento cultural presente em todas as startups que se mostram vitoriosas em sua fase inicial: a cultura de aprendizado constante. Ela proporciona o ambiente ideal para ideias revolucionárias serem testadas, sem senso de culpa, mas sim com foco em um objetivo em comum: o crescimento e desenvolvimento do produto. Essa agilidade em superar desafios é um elemento que contribui para o clima de inovação constante.
Impacto do fenômeno das startups no mundo corporativo
Com o fenômeno das redes sociais e a agilidade das transformações no mundo dos negócios, a forma como as grandes corporações criam e inovam também precisou mudar drasticamente. Vimos gigantes de mercado alterando estratégias e se reinventando a fim de manter sua relevância e melhorar a forma de comunicação com o mercado.
Hoje é difícil pensar em um mundo não conectado, mas pouco menos de vinte anos atrás, o mercado empreendedor era extremamente diferente do que é hoje. Antes da internet, a comunicação entre as companhias, investidores e consumidores era bastante unilateral, com as informações partindo de dentro para fora. Atualmente, os consumidores são movidos por um forte sentimento de propósito e valores éticos, e as empresas, por sua vez, agora precisam compreender seu papel na sociedade, e não só na economia, para permanecerem relevantes.
Apesar de muitos outros aspectos sociais relacionados às mídias digitais, essa forma de comunicação empodera o consumidor, trazendo-o para o protagonismo das próprias decisões e tendências de consumo. As Startups, por possuírem uma maneira dinâmica de atuar e se adaptarem, auxiliaram em diversas tendências que afetam até empresas com viés tradicionalista: ambientes de trabalho mais informais, colaboradores no centro das decisões do negócio, equipes autogerenciáveis e benefícios moldados às reais necessidades das equipes.
O fenômeno desse conceito “startupeiro”, das empresas informais, com videogames à disposição durante o expediente, happy hours no escritório e ambiente informal e descolado, como uma forma de estimular a criatividade e inovação claramente inspirou mudanças no mercado que vieram para ficar.
Conclusão
Definir o que é ou não uma startup, de forma básica, pode ser resumido analisando qual é o momento em que o empreendimento se encontra no seu desenvolvimento de produto e na sua trajetória de mercado. Mesmo com todo o peso cultural que existe atrelado a esse perfil de empresa (jovem, com ambientes informais e badalados, benefícios diferentes e clima de grande desenvolvimento), é indiscutível o impacto criado dentro desses negócios na forma como o empreendedorismo internacional avançou.