Em 1940 havia um curso que era requisito básico para entrar no mercado de trabalho, o curso de datilografia. Dependendo da sua idade, você não tem noção do que seja isso, mas eles também não tinham noção de que isso ficaria para trás, de que uma geração teria acesso direto à informação, a um mundo globalizado e “cheio de novas oportunidades”.
Os Millennials foram os primeiros a ingressar no mundo dos computadores pessoais, smartphones e informações rápidas. Havia uma grande expectativa sobre eles, porém, a realidade mostra que essa geração é a que mais possui dívidas, demora para sair da casa dos pais, comprar um carro e ter o que seria o esperado de uma vida adulta.
Por causa disso, acabaram sendo chamados de fracassados, preguiçosos e até mesmo “cringe”, termo usado pela geração seguinte. Só que essa culpa não está relacionada à preguiça, os Millenials tiveram que enfrentar uma economia mais desafiadora que as gerações passadas.
A crise financeira de 2008, 2014 e atualmente na pós pandemia, gerou demissões em massa, queda de salário, inflação, aumento nos imóveis e um custo de vida cada vez mais alto, diminuindo o poder de compra das novas gerações.
Em 2022, mesmo com o reajuste do salário mínimo para R$ 1.117, o poder de compra desse salário é o menor em 15 anos. Atualmente, 78,5% dos brasileiros afirmam que sua situação financeira ficou pior durante a pandemia e dados da FGV demonstram que o poder de compra durante o período caiu cerca de 9%.
É lógico que todas as gerações anteriores tiveram os seus desafios, a questão é se esse desafio será vencido pelos Millennials ou se ficará para a geração Z.
Na “crise” tire o “s”
Durante o período catastrófico e totalmente atípico, muitas empresas, tiveram que se virar com o “novo normal”, era necessário inovar, ou fechar as portas. Negócios tradicionais perderam o espaço para aplicativos como o IFood e Shoppee, que tiveram uma explosão de vendas durante o período.
Essa mudança, que veio pela pressão da situação atual, alavancou também outros tipos de empresas, as chamadas Fintechs. Hoje, o Brasil é considerado o que mais possui fintechs na América latina, ocupando no ranking global a 14ª posição.
Fintechs são empresas que unem finanças e tecnologia (como o nome diz), mas além disso, elas têm custos menores, são mais rápidas, menos burocráticas e oferecem serviços através de aplicativos, colocando todo o controle da sua vida financeira na palma de sua mão.
As Fintechs são consideradas o futuro no mundo dos negócios, entre elas estão: Nubank, a pioneira no Brasil, que não possui taxas de anuidade de cartão de crédito nem conta PJ, possui formas de investimentos acessíveis, não possui tarifas de TED e DOC, etc.
Já o Mobills é um aplicativo gratuito que é esperado a muito tempo por pessoas que têm dificuldade em ajustar as suas finanças. Chega de planilhas e aplicativos confusos, o Mobills sincroniza a sua conta e mostra toda a sua movimentação, ele também ajuda a estabelecer metas e planejar a vida financeira.
O Creditas é uma plataforma de empréstimo; trabalha com imovel, carro em garantia e também o clássico consignado, não é um banco e promete maiores créditos, menores taxas de juros e parcelas mais acessíveis.
A Toro Investimentos, criada em 2010, trabalha com investimentos e educação financeira, tornando-se uma corretora de valores em 2018, um dos seus modelos de cobrança, o Toro zero, possui a possibilidade de taxa zero de corretagem, se você seguir certas medidas, no modelo Ganha-ganha, você pode pagar a taxa apenas se tiver lucro na operação.
Esses são apenas alguns exemplos de empresas que apostaram em novos modelos de negócios para conseguir atingir os millenials, um público que não tem medo de experimentar novas opções de produtos financeiros, já que os tradicionais não refletem mais sua realidade econômica.
Criptomoedas
Além dessa movimentação das fintechs, quem também chegou chegando foram as criptomoedas, que vieram em 2009, facilitando as negociações na internet. Por ser uma moeda sem bancos, usada em qualquer país e o seu crescimento gerou uma multidão de investidores, o Bitcoin, por exemplo, é a criptomoeda que chegou a alcançar o valor de US$ 68 mil.
No entanto, não há uma regulamentação para esse tipo de moeda, pelo menos não ainda, e por não ser vinculada a economias estatais, as criptomoedas nem ao menos são consideradas como moedas reais, então, até que haja uma definição clara quanto a isso, o investimento em criptomoedas, pode ser um tanto quanto instável.
Mas quem disse que isso é uma preocupação para os Millennials e para a geração Z? inconformados com a situação atual, ambas as gerações mergulharam nesse novo normal e nessa nova forma de negócio, jovens de 14 anos, já estão ensinando outros de sua idade a investir.
Matheus Gusmão por exemplo, começou a investir com 11 anos em fundos imobiliários, hoje com 14, o jovem investe até mesmo no exterior, através de ETFs. Também podemos citar Felipe Molero de 13 anos, influenciador digital e chamado de Kid Investor, atualmente ele também dá aulas de investimento para iniciantes.
É preciso reconhecer os millennials
Mesmo diante das situações de crise, pandemia e instabilidade, os Millennials decidiram se virar, pois foi com eles que houve uma mudança de comportamento na área financeira, foram eles que buscam diminuir as burocracias e desenvolve soluções através de inteligência artificial.
Os Millennials se adaptaram, controlando suas contas bancárias, fazendo avaliações de aplicativos, fazendo investimentos, vendas online, etc. Eles usam a tecnologia para trabalhar em qualquer lugar, personalizam essa mesma tecnologia, criam canais de mídias sociais, aplicativos…
Os millennials podem vencer essa crise antes de passar o bastão? Embora tenham sido tratados como fracassados, chamados até de “geração nem-nem”, eles se adaptaram a diversas crises e a cada situação, vêm se tornado mais aptos e fortes para se encaixar em uma realidade financeira tão complexa quanto a atual.